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. Canção de Amigo para ami...
Veio a manhã antecipar a hora
da certeza que, em ti, já pressentia,
pelo que a tua boca não dizia,
mas confirmavas em cada demora.
Crescia a solidão, quando, lá fora,
a noite, amiga, ainda se estendia,
em disputa de tempo com o dia,
desfasando-lhe o despontar da aurora.
Por fim, sentiu-se a noite tão vencida
e tão fora do tempo que era seu
que se desfez, cedendo à madrugada,
que chegou, sem saber que era a medida
de um tempo novo, em que serei só eu
a esperá-la... por não esperar mais nada.
(imagem: "Far away" - Michael Wood - http://www.art.com/)
Acto de realização da memória e da emoção,
recriação, sempre nova, de um filme individual,
sentimento ambivalente - antecipado, dói, mas, vivido, conforta,
eco de recordações boas, que teimam em não calar-se,
sonho recorrente do que foi realidade...
Foi!... Mas só porque foi e tanto foi é que é saudade.
(imagem: Missing you - Pepa Poch - http://www.art.com/)
De tanto uso, ainda não está puída.
Quando se solta, ainda marca e lavra
sulcos profundos, onde lança e crava
a mágoa de mais uma despedida.
Não me digam que guarde os bons momentos.
Guardados estão e estavam. São raízes
do muito que ainda havia por florir.
Não quero pôr um stop nos sentimentos.
Se têm que ir, vão. Sejam felizes!
Faço o que posso, que é deixá-los ir.
(imagem: Time to say goodbye - Alfred Gockel - http://www.art.com/)
(imagem: Cranes over Moon - Keiichi Nishimura - http://www.art.com/)
Que seja o doar mútuo o nosso teste
- tudo aquilo em que te deres eu me darei.
Se puseres um sim onde eu um não deixei,
que a vontade de um talvez ainda nos reste.
Que sejas espelho de que eu seja o reflexo,
eu, a solução do que te for complexo,
e ambos sejamos onda do mesmo mar.
E que, irmanados na doação comum,
mantendo-nos dois seres, sejamos um,
onde cada um encontre o que buscar.
* - a partir do romance História do Cerco de Lisboa de José Saramago
(imagem: Perfectly balanced - Alfred Gockel - http://www.art.com/)
Tenho uma estrela no céu azul,
qual borboleta de asas de tule,
que nada aquieta nem esmaece,
desde o instante em que aparece
até que nasce a estrela maior,
que, com o seu brilho, leva a melhor
sobre a estrelinha que é minha guia.
Mas, pontualmente, ao fim do dia
ela traça no céu um fio de luz
que a liga à estrela que a ti conduz.
Então, passeamos de mão dada
na via estelar, na noite estrelada.
(imagem: Starry Night - Vincent Van Gogh - http://www.art.com/)
Não me cubras com jóias faiscantes
que ofusquem os carinhos que me dás
e ponham brilho naqueles instantes
em que te quero, aqui, e tu não estás.
Serão sinais visíveis, realçantes
da tua ausência, que tanto me faz
lembrar de quando, juntos e amantes,
criamos tempo, se o tempo é fugaz.
Toma-me nua e simples como sou,
cobre-me com teus beijos e abraços,
que são as minhas jóias preferidas.
É o que quero em troca do que dou,
quando, sem jóias livres de embaraços ,
fundimos, numa só, as nossas vidas.
(imagem: Endless Love - Alfred Gockel - http://www.art.com/)
É dor à medida de quem a sente
e só por quem a sente é aferida,
por quem aloja a fera e a ferida
e as carrega como um penitente.
Ou porque a expectativa foi excedente,
ou por uma intenção que foi mal lida,
eis o abismo, eis a veloz descida
do ser entusiasta ao ser descrente.
E, porque é dor que só tem um sentido,
para quem não vê a decepção que causa,
ao impor um patamar predefinido,
é uma dor vivida em solidão,
até que quem a sofre lhe dê pausa
e entenda que é injusta a decepção.
(imagem: Girl at the mirror Normal Rockwell - http://www.art.com/)
"Músculo, dizem. Rejeito
e quase lhes salto do peito.
Dizer músculo é dizer pouco,
porque amo como um louco,
choro e brigo como um menino
e, por mais que o meu destino
seja bombear o sangue,
quero amar, até que, exangue,
faça as tréguas, peça paz...
Quem, do Amor, campo faz,
para viver livremente,
só vive e fica contente,
ultrapassando o limite,
por mais que o cérebro lhe dite
normas, cuidados, preceitos...
Eu amo, sem preconceitos,
amo p'lo bom que é amar
e, a quem de mim discordar,
peço apenas um favor:
- Não diga, seja a quem for,
que também tem coração,
porque isso é pura ilusão...
O que tem é tão somente
(vou falar-lhe, francamente...)
um músculo dentro do peito,
que, se ao menos for perfeito,
se limita a funcionar
e, em constante pulsar,
faz o que faz um motor...
Mas não diga que é Amor,
nem diga que é coração...
Eu não sou só isso, não...
Ser só isso é ser tão pouco,
e eu vivo e amo, como um louco!!!... "
(imagem: Heart of fire - Alfred Gockel - http://www.art.com/)
Abaixo as regras! - Mordaças em seres calados
até perante a ofensa,
como animal que não pensa.
Por isso, são tão regrados.
Abaixo as regras! - Vendas em olhos fechados,
cegos para o que os rodeia,
envoltos na cega teia.
Por isso, são tão regrados.
Abaixo as regras! - Amarras em condenados,
serviçais de corpo e alma,
a quem a chibata acalma.
Por isso, são tão regrados.
Abaixo as regras! - Fúteis, inúteis, estéreis,
curros e guias de débeis
que nunca ousarão ir além.
Abaixo as regras! Pois castram a nossa essência
e, numa afronta à decência,
reduzem-nos a ninguém.
Abaixo o segue-à-regra!
Abaixo a cegarrega!
Abaixo as regras!
(imagem: Be Free, Think Free s/ autoria - http://www.art.com/)