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Ficai com ela e molhai-a na baba
que da vossa boca sai e nunca acaba
- tanta é a produção da vossa mente.
Fazei com ela um banquete de tolos,
já que apreciais papas e bolos,
e deixai-me de fora, como sempre.
Para que quereis a minha opinião,
se mantendes a vossa posição
à conta de ignorá-la, impunemente?...
Pretendeis que me sinta orgulhosa
com a vossa auscultação falaciosa,
face à qual o basalto é transparente?!...
Usai, se vos agrada, uma coleira!
Vivei, se vos convém, na baboseira!
Curvai, se não vos custa, a cervical!
Mas não ouseis, sequer, a pretensão
de seriedade, pedindo a votação
com uma pergunta, no mínimo, anormal!!!
* eufemismo, para evitar o termo escatológico
(imagem: The scream - Edvard Munch - www.allposters.com)
Apelo à indignação cívica: a favor da Europa ou contra a Europa, mas jamais de cócoras...
Uma certa classe política em Portugal, talvez por se contemplar excessivamente ao espelho, continua a agir na aparente pressuposição de que os portugueses, rebanho fácil, aceitam tudo e são estruturalmente incapazes de um gesto colectivo de denúncia da estupidez e de revolta cívica.
Os deputados dos partidos da maioria conjuntural que nos vai desgovernando, aliados aos do principal partido da oposição, decidiram desafiar, com uma pergunta idiota para um referendo faz-de-conta, a inteligência dos portugueses.
Se, perante a ofensa, não nos indignarmos, a nossa cumplicidade pelo silêncio será seguramente interpretada como a definitiva confirmação de que, neste país, vale tudo e que os portugueses são, de facto, um povo que não merece mais do que um açaime e uma coleira.
Como me recuso a figurar na fotografia dos idiotas, apelo a todos os bloguistas e a todos os concidadãos que ainda não se deixaram sepultar em vida que, colectivamente, digam NÃO a quem persiste em querer tratar-nos, politicamente, abaixo de cão.
Apelo apenas, por isso, à indignação. Cada um saberá exprimi-la à sua maneira e da forma que entender mais adequada. Milhares de vozes a dizerem NÃO terão, seguramente, um impacto avassalador sobre a trafulhice referendária que nos espreita.
Esta não é uma causa de esquerda ou de direita. É uma causa da inteligência e do bom senso, os derradeiros atributos que nos restam.
A favor da Europa ou contra a Europa, mas jamais de cócoras.
Conto consigo para passar a palavra e o testemunho.
19 de Novembro de 2004
Ademar Santos, português por extenso
(http://abnoxio.blogs.sapo.pt/)
Que pobreza!...
(imagem: Desert sunset - Mark Henderson - www.allposters.com)
Tenho, por vezes, ideias
que mais me parecem teias,
entre um facto e outro facto.
Ficam balançando ao vento,
enquanto o meu pensamento
não encontra o plano exacto.
Vem um sim, vem um talvez,
mais uns quês e uns porquês
que me fazem vacilar,
até que a ideia precária
se faz ponte imaginária
que decido atravessar.
Volto a sentir-me criança
que, pé-ante-pé, avança
e ora tropeça, ora cai.
- ora alcanço o fundamento
e firmo o meu pensamento,
ora a ideia se vai.
(imagem: The broken bridge - Salvador Dali - www.art.com)
Deixa, então, que aprenda a interpretar
a tua ondulação, o teu refluir,
sentir cada maré e concluir
se é em ti que quero naufragar.
Abre-me as tuas ondas, dá-me um leito
em que o meu corpo se acolha perfeito
no concâvo da tua aceitação.
E deixa que preencha o teu abismo,
com vagas de ternura e de lirismo,
e desvaneça a tua solidão.
(imagem: Mermaid - John William Waterhouse - www.art.com)