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Fecho-me por dentro e escondo as chaves,
no amontoado de vontades
que um dia cumprirei, mas não agora.
Melhor seria deitar as chaves fora,
tornar mais firme o aprisionamento
longe da luz e de qualquer alento,
que me convide a um regresso, em breve,
sabendo que a prisão ainda é mais leve
do que o peso de enfrentar a liberdade,
de asas cortadas e algemas na vontade.
(imagem: Noite escura - Vincent Dioh)
Há uma piada de que me lembro sempre, quando vejo um roto referir ou questionar um nu.
Diz a piada que, um dia, na floresta, alguém lançou o boato de que todos os animais que tivessem a boca grande seriam abatidos.
Lesto e louco, o macaco partiu, de imediato, para a sua campanha de comunicação social.
De ramo em ramo, ia gritando:
- Quem tiver a boca grande será abatido!... Quem tiver a boca grande será abatido!...
Ouvindo tal aviso, o hipopótamo fechou a boca e, como quem faz biquinho, comentou com os animais que o rodeavam:
- tadinho do crocodilo!
Assim parece o Luís Delgado quanto mais fala, pior. E, tentando fazer-nos pensar que defende o Pedro, apenas tenta justificar os delírios que foi debitando.
Vejam só:
... Pedro, digam o que disserem dele, e dos quatro meses que governou Portugal, fez o melhor que sabia e podia...
Depois do que vimos, ouvimos e lemos, é difícil imaginar o que poderia ter acontecido, se o Pedro, em vez de ter feito o melhor que podia e sabia, nos tivesse contemplado com o seu apenas bom, menos bom ou medíocre.
Confesso que fica para além da minha imaginação.
O que já não ultrapassa a minha capacidade imaginativa é a colecção de disparates que este escriba já deve ter arrecadada. Com pérolas deste tipo ... dos quatro meses que governou Portugal... - não há vara de porcos que lhes dê vazão.
E escreve o sô Luís para um jornal!... Ao que isto chegou...
Voltemos ao guarda-jóias do escriba.
... Pedro Santana Lopes, como PM, fez o seu melhor, e como qualquer outro PM, em apenas quatro meses, também cometeu erros, lapsos ou atrapalhações. ...
Sô Luís, dê um nome, um nominho só, de um outro primeiro-ministro que, com o mesmo rácio, em apenas quatro meses, também cometeu erros, lapsos ou atrapalhações.
Como sou condescendente, até alargo o período de comparação. Vá lá, o nome de um outro primeiro-ministro que, em 4 anos, tenha feito as asneiras que este fez. Dou-lhe o resto do seu tempo de vida para responder. Fique à vontade e não se envergonhe com a mudez. Aliás, saiba que até lha agradeço.
... Santana limitou-se a apanhar os "cacos", e tentar virar, sem nunca esperar que lhe cortassem as pernas...
Desculpe-me mais esta discordância de avaliação, mas o que o Pedro fez foi apanhar os cacos e atirá-los em todas as direcções, provocando uma imensa cacaria, que, só porque a louça é boa, não se desfez em pó, mas lá chegaríamos, se lhe tivéssemos dado tempo. Envergonharia qualquer elefante em loja de porcelanas.
Quer-me parecer que o sô Luís deve andar a comer em gamela de madeira. Há-de ser por isso que não se sentiu prejudicado.
... Eu sei que Pedro Santana Lopes regressará, quando o tempo disser. ...
Duvido, porque me parece que o tempo anda sem qualquer jeito ou vontade, seja do que for. Já reparou que nem chove?...Vai ver que é o resultado dos "quatro meses que (Pedro) governou Portugal. Serviram de alfobre e, agora, veja no que deu a transplantação.
Por fim, sô Luís, deixe-me dizer-lhe que acho linda a solidariedade, mas, para que, além de linda, seja eficaz, convém que as ideias por que ela se expressa sejam ponderadas, para não se dar o caso de ser pior a ementa do que o sonheto.
É que, perante tanto disparate, dizer que o Pedro (...) fez o melhor que sabia e podia, parece comentário de hipopótamo.
A menos que o sô Luís ache, mesmo, que na governação do Pedro os erros foram compensados pelos acertos.
Nesse caso, terei de reconhecer que se trata de perfeita identificação, entre o analista e o analisado. Ou seja, entre hipopótamo e crocodilo, a única diferença é o aspecto morfológico. No resto, até gostam, ambos, de meter(-se na) água.
P. S.: Sô Luís, a indicação do tal nome de um outro primeiro-ministro que, em 4 anos, tenha feito as asneiras que este fez pode deixá-la escrita no seu testamento.
Eu sou paciente e não faço questão de ver o riso amarelo com que me responderia de viva voz.
(imagem: Hipopótamo - www.ceramicapagnutti.com.ar)
Decisão de Santana já estava tomada desde segunda-feira
A decisão de Pedro Santana Lopes em não se candidatar à liderança do PSD no próximo Congresso do partido já estava tomada desde pelo menos segunda-feira, disse fonte partidária ao Diário Digital.
A mesma fonte confirmou o que foi avançado esta terça-feira pela Lusa: Santana Lopes «tomou sozinho» a decisão de não se recandidatar e vai comunicá-la esta terça-feira ao final da tarde à Comissão Política Nacional do PSD. ... (in Diário Digital)
Esta revelação espantástica causou as maiores surpresas, das quais destaco a que se segue.
Meu querido "guerreiro menino"...
Servem estas mal traçadas linhas
para dizer-te que eu e as vizinhas
nos alegrámos, ao saber-te tão crescido,
quando lemos que o que fora decicido
nasceu da tua cabecinha de ouro,
que conseguiu pensar sem dar um estouro,
ao parir decisão tão acertada,
embora tão pouco habituada
a imaginar algo que merecesse
o tempo necessário a que nascesse
e, ainda, que durasse mais que um dia.
Se não lesse nos jornais, eu não iria
acreditar que o meu lindo catavento
parara numa ideia, por um momento,
sabendo, como sei, como ele adora
dizer e desdizer, na mesma hora,
o que na véspera até contradissera,
como a pescada, que antes de ser já era
e que, ao cumprir a sua sina louca,
acaba sempre com o rabinho na boca.
Por isso, meu "guerreiro", meu "menino",
ao ver, agora, que tens mais algum tino,
já convidei as vizinhas para um lanche
para festejar, antes que se desmanche,
esta prenda que deste à velha tia,
que sempre acreditou que, algum dia,
havias de crescer, também, por dentro
e deixar de ser, apenas, ornamento
em festas do croquete e outras que tais,
em que araras, catatuas e pardais
passam em voos de pura ostentação,
mas andam às migalhas pelo chão.
Deixa o circo, meu filho, e vem aqui,
onde sempre tão bem te recebi,
com broa de centeio e sopa forte,
e, ainda que a pensão mal me suporte
este luxo de ver-te alimentado,
podes jantar, sem que te seja cobrado,
o riso amarelento que se vê
em quem ri sem bem saber de quê:
se do croquete que abusa da farinha,
se do champagne que nem conheceu vinha.
Enquanto te despedes dos amigos
(dos que te dispensam de inimigos),
arranjo o quarto em que ficarás,
pois, mais dia, menos dia, sei que virás.
Termino estas mal traçadas linhas,
mandando um beijinho das vizinhas
e desta tia, que é mais que tua mãe,
desejando, meu filho, que fiques bem.
Da tua saudosa tiMariEspantada
(imagem: PSL em DiárioDigital)
Vai, cínico, vai!
Vai lixar-te, tal como ontem disseste,
quando invocaste deus, como teu mestre,
na tua análise tão clarividente,
coarctando qualquer crítica sequente
à mitificação que, então, fizeste.
Vai, cínico, vai!
Enquanto sonhas regressar em ombros,
qual Fénix renascida dos escombros,
escondendo o bico adunco e os esporões
em promessas, (o)missas, genuflexões,
ar de afecto afectado e outros assombros.
Vai, cínico, vai!
Nem por mais um momento te detenhas
e aqui, de onde vais, nunca mais venhas,
nem mesmo que eu te peça de joelhos,
pois será falta de força nos artelhos
que disfarço com estas artimanhas.
Vai, cínico, vai, que já vais tarde
e ainda cá nos deixas o compadre.
(imagem: Paulo Portas foto copiada de TSF Online)
... Resta esperar que a classe política entenda, claramente, o que foi afirmado e não se esqueça de que temos o direito de exigir a retribuição do sentido de responsabilidade de que demos prova.
Que entenda, também, que o governo da Nação não pode servir como período de tirocínio para aprendizes que mais não visam do que a vaidade e a ambição pessoal ou o colmatar da falta de outra ocupação que lhes garanta meios de sobrevivência.
Se há partidos políticos que aceitam como dirigente máximo um encadernado de luxo sem conteúdo, que o guarde muito bem guardado e na estante mais esconsa, pois nem para sebenta deve servir.
Se há partidos políticos que aceitam como dirigente máximo um autoritário hipócrita, que o guarde para si, porque desse tipo de dirigentes já tivemos a nossa conta.
Voltemos, portanto, à liberdade com responsabilidade.
Amanhã será outro dia...