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Embora a legenda deste postal refira a Avenida da Liberdade, concordarão que se trata da Praça dos Restauradores com a referida avenida ao fundo.
Olhando, é caso para dizer: Quem te viu e quem te vê!
Reparem nas coberturas das paragens dos eléctricos - eram transversais aos passeios, em vez de longitudinais, como são hoje.
E as árvores!... A Praça dos Restauradores, após tanta restauração, perdeu esta bordadura a verde. Agora, é tudo mais branco-amarelado. E, assim, a luz de Lisboa vai perdendo beleza, por redução de contraste.
Onde é que andam os arquitectos?!... Nos cemitérios, a idealizar jazigos?... Talvez! Já repararam que não há um jazigo que não tenha inscrito o nome do arquitecto responsável? Quantos edifícios, mesmo em Lisboa, podem gabar-se disso?... Pois!
Voltando à Praça dos Restauradores, a primeira lembrança que guardo dela é composta de várias sensações espanto, curiosidade e medo. Sim, medo!
Foi num dia próximo do natal.
Os meus pais vieram a Lisboa e trouxeram-me, porque vinha a uma consulta de estomatologia (naquele tempo dizia-se que vinha ao dentista), pois andava sob vigilância. É que, vá lá saber-se o porquê, tinha algo que se parecia com uma raiz de dente bem incrustada no meio do palato. Lembro-me bem dessa coisa, porque me incomodava, mas não sei se já nasci com ela ou se veio a revelar-se ao mesmo tempo que os primeiros dentes. Se soube, já esqueci. Não sou rancorosa...
Uns médicos opinavam que a coisa deveria ser extraída; outros achavam que seria aconselhável esperar, pois talvez caísse com os chamados dentes de leite. Acabou por ser extraída, porque se mostrava renitente em ir-se embora, mesmo depois de os primeiros dentes se terem retirado de cena, por expiração do prazo de validade.
Sendo a viagem próxima do natal, os meus pais aproveitaram, também, para comprar os presentes para nós. Como eu era muito garota, ainda - teria cerca de 4 anos e, naquele tempo, as crianças com 4 anos eram muito crédulas -, conseguiram comprar tudo sem que eu me apercebesse do tipo de compras, até porque estava interessadíssima em ver tudo o que se passava na rua - as pessoas num vaivém, muitos carros a passar e, sobretudo, os carros eléctricos. Fiquei extasiada com eles as casinhas amarelas que andavam em cima de linhas.
Por conta deste meu interesse, enquanto a minha mãe estava na loja Pinóquio aquela ao fundo da Praça dos Restauradores, ao lado esquerdo de quem desce o meu pai ficou comigo, cá fora. Eu estava deliciada (nunca gostei muito de estar dentro de lojas), até que, de repente e vindo sei lá de onde, apareceu um Pai Natal, vestido a rigor, barrigudo e com longas barbas. Se ele pretendia alegrar-me, errou a pontaria. Não gostei nada do encontro, apesar de ser uma criança de fácil convívio, mas aquele saco enorme que ele trazia às costas fez-me pensar no homem do saco, aquele que me levaria, se eu não comesse a sopa toda... Argh!...
Mesmo assim, fui fotografada de mão dada com ele. Fiquei com uma cara em que é indisfarçável o meu pouco agrado e o meu muito medo.
Regressada a Mafra, qual a maior novidade que eu levava para contar aos meus irmãos? Nada mais, nada menos do que a descrição das casinhas amarelas que andavam em cima de linhas. Qual Pai Natal, qual quê!... Que medo!!!...
(imagem: Este postal faz parte de um conjunto que herdei do meu pai. Está identificado como pertencendo à Colecção DULIA.)
Cá estou, após uns dias e sem ter tido encontros de 3.000.º grau (seriam negativos, certamente!).
Os que tive foram bons:
- Amigos que vieram do outro lado do Atlântico e a quem tive o prazer de levar a passear por Lisboa, qual cicerone feita à pressa, mas empenhada;
- Amigos que encontrei numa sessão de lançamento de um livro Marilha, de Cristóvão de Aguiar - que aconselho (editado pela Dom Quixote e, pelo menos, à venda na fnac).
Entretanto, lembrei-me de passar a ilustrar o blogue com postais antigos que herdei do meu Pai e que lhe foram enviados por colegas e amigos.
Terei de ir desencantá-los e desencastrá-los do meio do monte de recordações que fui juntando. Não será fácil, porque tenho a mania de guardar tudo. Devo ter uma costela de hamster ou nasci para bibliotecária, mas perdi-me no caminho.
E, por agora, é tudo.
Até amanhã.
(imagem: Return - René Magritte - prints4all.com)
... deixo-te sozinho, blogue.
Sei que entendes que me arrogue
tempo pra outros interesses.
E ai de ti, se te atrevesses
a responder-me que não...
Levavas um apertão,
não nos calos - no template -,
que até a barra de enfeite
que te encima o frontispício
diria ser mau auspício
pores-te com tanta exigência,
pois sabe que, em paciência,
sou muito pouco dotada.
E não vou dizer mais nada.
Fica a conversa por aqui,
que eu vou andar por aí.
Gostaste deste final?
É de um autor genial!
Se me encontrar com tal peça,
volto ainda mais depressa!...
Não fiques a rogar pragas,
porque, se eu sei, bem mas pagas!!!
(imagem: Garden walk - John Zaccheo AllPosters.com)
Há palavras que voam
e, por vezes, ecoam
na mente de alguém
que parte em viagem,
atrás de outra imagem
que a ideia retém.
Obrigada, Ricardo!
(imagem: Birds flying2005 foto da autoria de Ricardo Monteiro que me a enviou, após ter-lhe inserido o meu poeminha do post anterior)