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. Má sorte
. Vincent da Rocha Dioh - 1...
. Canção de Amigo para ami...
(imagem: Low angle view of a spiral staircase art.com)
por vezes quero pensar e não consigo
entro numa roda de mim comigo
numa espiral descendente
que sendo recorrente
já ganhou vício
junta o início
de mim
ao fim
...
.
Não se atribua à nascente
o estreito rumo de um rio
que só quis seguir em frente
e as margens nunca assumiu.
Nunca lhes matou a sede
para não perder torrente.
Nada deu, nada reteve
no seu correr indiferente.
Passou, sem delas levar
sinal de lá ter passado.
Passou, sem nelas deixar
sequer um seixo rolado.
Hoje, é apenas passagem
entre a nascente e o mar.
Apenas fez a viagem.
Nada tem a ensinar.
(imagem: Avalanche creek - William Neill - art.com)
Buscar a luz além da cúpula da floresta,
que à sombra do rochedo se entregou,
é tudo o que é preciso e é o que resta
à árvore que não se acomodou.
(imagem: Perseverance - Lone pinyon tree AllPosters.com)
De há uns dias para cá, não consigo assistir aos noticiários televisivos sem me envergonhar. E a culpa é do Darwin!...
(imagem: Embarrassed chimpanzee - Tim Davis AllPosters.com)
Nau naufragada
de que o mar bravo fez brinquedo,
levando homens
que de outros homens tinham medo,
mais do que do mar
em que iriam naufragar
numa luta desigual,
mas mais leal,
num corpo a corpo inteiro,
entre mar e marinheiro,
que, ali, a voz do senhor
não é mais do que um rumor,
soando no cais de embarque,
sumindo quando a nau parte,
rezando para que a sorte,
mais do que espantar a morte,
lhe traga a nau salva e sã,
que essa, sim, é mais irmã
do que os homens que levou.
Esses o senhor comprou
e nunca lhe faltarão,
enquanto faltar o pão.
E se os condena ao degredo
final, numa campa de água,
isso não lhe causa mágoa,
enquanto puder causar
- mais do que lhes causa o mar -
pouco pão e muito medo.
(imagem: Nau Naufragada Vincent Dioh)
"Anjo Azul"
A história da pintura do Vincent, que é um menino autista, começou quando ele tinha três anos e meio. Foi buscar canetas e lápis ao escritório dos pais e riscou as paredes da casa. Desde aí, começou a transformar tudo o que encontrava em quadros e nunca mais parou de pintar...
Assim começou. A H I S T Ó R I A D O S P O N T O S Pode ser visitada, até ao próximo dia 17 de Dezembro, em:
Hoje, passados cerca de 7 anos, vai já na 13ª Exposição de Pintura o que poderia ter terminado numa repintura de paredes, devolvendo-as à cor inicial.
Felizmente, para ele e para nós, o Vincent encontrou um ambiente familiar de entendimento e incentivo à sua forma de evasão e comunicação.
A exposição que agora decorre é subordinada ao título
ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários)
Casa do Farol, Rua Paulo da Gama s/n, 4169-006 PORTO
Tel.: 22 010 8000
Horário:
De Segunda a Sábado das 9h às 23h
Na impossibilidade de uma deslocação ao Porto, pode visitar a exposição em Vincent Dioh, onde poderá, também, comprar a pintura que mais lhe agradar.
Se ainda se mantiver e se for essa a sua opção, eu testemunho que o envio pelos CTT é garantido, não só pelo respeito pelo prazo combinado, como pelas condições de embalagem.
Por experiência própria, afirmo que, desde os primeiros traços feitos pelo Vincent e até chegar à nossa mão, cada quadro é um acto de amor que se expressa, inclusivamente, no extremo cuidado com que é feita a acomodação para envio.
(imagem: Anjo Azul Vincent Dioh)
Diz-me, amigo,
onde ancoras a essência
do sentimento amizade:
No teu recôndito umbigo?...
No cabide da influência?...
No saguão da utilidade?...
Pensa, amigo,
no que motiva os arrais
dos barcos que, assim, ancoram:
Porque estão mesmo contigo?...
Porque lhes falta outro cais?...
Porque a tudo se acocoram?...
Vejo, amigo,
que as águas que navegámos
abriram-se em mares diferentes.
Eu honro o meu mar antigo
e, em nome do que rumámos,
não posso seguir contigo.
Mas guardo o que partilhámos,
reflectindo-o no que digo.
(imagem: The reflecting tide - Chris Simpson AllPosters.com)
Se queres ser livre,
não te juntes a heróis
que te vejam como pajem,
nem dês a mão a rendidos
que te prestem vassalagem.
De olhos nos olhos, ombro a ombro vive quem
nunca ajoelha a alma ou se permite ir além
da grandeza do saber estar entre iguais;
quem se recusa à vénia imposta pelos senhores
ou à lisonja ensebada de atitudes serviçais.
Não te juntes a quem viva de louvores
ou se venda à esmola. É tempo de exigir mais!
(imagem: View looking up... - Bates Littlehales AllPosters.com)
Já soa mal o Soares,
excepto para os seus pares,
que o endeusam, como gosta.
Posto nos píncaros da lua,
de tanto soar, já sua
e a pobre lua já tosta.
Tudo, porque há um cometa
que é misto de anacoreta
e de vaivém espacial.
Ora se esconde e se cala,
ora aparece e, se fala,
fá-lo pior do que mal.
Mesmo assim, não é bonito
que o Soares, que é expedito
na arte do bem dizer,
diga que ele é complexado.
O homem está é centrado,
entre o Deve e o Haver.
Não é que eu esteja com pena
de um cometa que se empena,
- não só de penas - nas falas.
Mas, em contas, é um ás.
Já o Soares, quando as faz...
Deus nos acuda!... Abram alas!...
Cada um com sua arte
vai puxando à sua parte
a sardinha que, coitada!,
se um a baralha nas contas,
o outro traz falas prontas
e não sai delas por nada.
Mas que lindo par de jarras
- poucas uvas, muitas parras -
que porra de sorte a nossa!
Desculpem-me a má palavra,
mas já estou a ficar brava
com o (des)andar da carroça.
Se um fala, mas faz diferente
e o outro faz e é coerente
com o que pensa e não diz,
é isto democracia
ou, tão-só, alegoria
de mau-gosto e infeliz?...
Embora um tanto me farte,
desta guerrinha à la carte
não vem mal que se me pegue.
Quando Janeiro chegar,
sei bem em quem vou votar
com alegria - em Alegre!
(image: Star Wars-Yoda (ou a minha cara de enfastiada) art.com)
Estremece de irritação,
que nem pluma de pavão
em peru, no carnaval,
se uma dúvida ou engano
assalta um acaciano
que se acha magistral.
Sabe o sábio de verdade
que foi na variedade
de dúvidas que enfrentou
que se elevou no saber
e conseguiu desfazer
erros em que laborou.
Mas não é sábio quem quer.
Menos será quem tiver
certezas cristalizadas.
O saber é uma nascente.
Morre, se pára a corrente,
estagnando em águas paradas.
Mas um peru mascarado
de pavão bem emplumado
desconhece esta evidência.
Trata-nos como papalvos
ou bando de perus calvos,
com tanta suficiência.
Ora, santa paciência!!!...
(imagem: Peacock with its tail fanned out - Tony Ruta art.com)