. A quem me tem acompanhado...
. Cântico azul-marinho e v...
. Ainda falta muito para ac...
. Má sorte
. Vincent da Rocha Dioh - 1...
. Canção de Amigo para ami...
Quando o Tejo se recolhe
numa maré retraída,
Lisboa vem junto ao molhe,
como mulher preterida,
que se sente abandonada,
sem as carícias e os beijos
que o Tejo, alta madrugada,
em noites de mil desejos,
deposita, sem cansaço,
na muralha, junto ao cais,
prolongando o terno abraço
dos noctívagos casais,
que olham as suas águas
- espelho de tantos amores,
torrente de tantas mágoas,
estuário de tantas dores.
E é das águas do seu rio
que vem parte do encanto
que, do Sodré ao Rossio,
se sente em qualquer recanto.
E até na ameia mais alta
do alto castelo se sente
que, quando o Tejo lhe falta,
Lisboa fica diferente.
Perde o brilho, a maresia,
caem sombras onde, antes,
tudo era luz, por magia
de dois eternos amantes.
Assim foi e assim é,
sempre que baixa a maré.
(imagem: Lisboa e o Tejo - Domingo - Carlos Botelho - www.ci.uc.pt/artes)