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Esta saudade
que me consome em fogo lento,
mas num ardor tão certo e tão constante,
vem despertar, em mim, uma vontade,
que invade, subtilmente, o pensamento.
Parte o sonho em busca do instante
que, intensa, mas muito lentamente,
me sublime, me liberte e leve ao ponto
onde te encontre e me perca, onde despidos
de compromissos, normas, medos... e renascidos
sintamos que era este o tal encontro
que buscámos, sem cessar e desde sempre.
(imagem: "Fire sunset" - foto de Ricardo Monteiro - Álbum da Natureza)
E de quando, meigamente e devagar,
tão devagar como quem levanta um véu,
roçaste os meus lábios e, ao beijar,
me disseste: - a tua boca é o meu céu!...?
Sorri, sem suspender o doce beijo,
carícia em que me entrego, em que me dôo
e ganho asas, com o teu desejo...
Sabes que o teu desejo é o meu vôo?...
Como são largos os céus em que ele me lança
e onde invento carícias que em ti deponho...
E quando a minha alma a tua alcança,
ouço: - a tua inspiração é o meu sonho!
Afundando-me no mar do teu desejo,
tão fundo quanto a volúpia me permite
e, atingindo o vórtice, eu sinto e vejo
que a tua satisfação é o meu limite.
(imagem: "Amarilis mouth" - foto de Ricardo Monteiro - Álbum da natureza)
Devagar,
mas afirmando vontade,
vem uma brisa,
que arrasta, levanta e faz rodopiar
aquela folha-saudade
que, indecisa,
se deixa levar,
numa dança de passos e compassos
acabados de inventar.
Longe, julgando que não a vejo,
a saudade parou.
Vou deixá-la ficar onde pousou
e esperar que a chuva, o sol, o vento e o tempo
a tomem, a transformem e transportem
para lá do pensamento,
para que nada mais seja o que era
quando vier, novamente, a primavera.
(imagem: foto de Ricardo Monteiro - Álbum da natureza)
www.vincentdioh.com
Obrigada, Ricardo!!!
Com palavras, vou criando o que não faço,
outras vezes, enuncio o que faria,
se, pra estar junto de ti, bastasse um passo
e esquecer, logo depois, bastasse um dia.
Com palavras, vou esculpindo a tua imagem
que coloco no altar da tua ausência,
porque, mais do que um desejo, uma miragem,
um aroma ou um perfume... eu busco a essência!
Com palavras, enfeito-afasto a solidão
a que a minha utopia me condena,
mas, nesta pena, dito a pena e a prisão,
por isso a cumpro, não feliz, mas tão serena.
Com palavras, afugento nostalgias
que, por vezes, me assaltam como vagas,
que ameaçam varrer sonhos, fantasias...
Que seria de mim, só, sem as palavras?
"A arte é a forma de o Vincent comunicar aos outros tudo aquilo que não pode dizer por palavras"
Zélia Rocha, mãe do jovem pintor, sua "enfermeira-instrumentista" e professora.
"... A ama estava a preparar o almoço e Vincent não deixou escapar a oportunidade: entrou no escritório dos pais, agarrou numa mão-cheia de lápis e canetas e, sem complacência, riscou as paredes do "hall" e da sala de jantar. A partir daí, nunca mais parou. "Pintava tudo, mesmo as toalhas da mesa quando estava a comer e os lençóis quando se ia deitar", recorda a mãe, Zélia Rocha.
A aventura de Vincent da Rocha Dioh no mundo mágico da pintura começou tinha ele três anos e meio. Dizer que Vincent sofre de síndrome de espectro autista é um pormenor que faz toda a diferença: hoje, com nove anos cumpridos no mês passado, o menino, filho de uma portuguesa e de um senegalês, vai inaugurar a sua décima primeira exposição..."
"... Brevemente, estarão disponíveis em www.vincentdioh.com todas as informações relativas à carreira artística de Vincent..."
(extractos de artigo publicado, hoje, 10 de Junho - Dia de Portugal, no jornal "PÚBLICO" - http://www.publico.pt/)
poderemos, então, sim, ficar silentes.
Agora, não, Amigo, agora fala.
Ensina-me o teu vocabulário
de olhares tristes, alegres ou ausentes.
Leva-me ao mundo das tuas emoções,
mostra-me os vales claros e os sombrios,
diz-me onde te escondes, onde te expões,
descreve-me o curso dos teus rios.
Do teu quadro interior, diz qual o traço
que mais profundamente se vincou
e, de toda a paleta, qual a cor
que desfez a harmonia ou a firmou.
E, da luz que te beija, a incidência
que melhor te convida à luz do dia,
de todas as horas, qual a hora
que mais te entristece ou dá magia.
Deixa que eu aprenda a entender-te,
só de te olhar... sem ouvir a tua voz...
E, só então, Amigo, estarei de acordo
- o silêncio poderá vir sobre nós.
(imagem: FreeFoto.com - http://www.freefoto.com/index.jsp)