. A quem me tem acompanhado...
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. Má sorte
. Vincent da Rocha Dioh - 1...
. Canção de Amigo para ami...
Soube, hoje, enquanto bebia um café, que, aqui, perto de mim, as praças de jorna recomeçam a fazer parte do circuito de acesso ao trabalho.
Por enquanto, para africanos e imigrantes de Leste.
Tanto quanto me disseram, as tais praças destinam-se a angariar mão-de-obra para trabalhar ao fim-de-semana.
É a precaridade total, no vínculo e na durabilidade.
Quanto ao respeito pela dignidade dos que, por razões várias, se sujeitam a este mercado, dá para fazer uma ideia.
(imagem: Slave Market - Jean-Léon Gérôme - www.wetcanvas.com)
Que pobreza!... Como irá acabar?...
Eu leio e nem quero acreditar, mas, vencendo a minha resistência, deparo-me, mais adiante, com a confirmação daquela realidade.
O sujeito acaba de usar a sua oca e única mais-valia, que, por única, mais valia que a não tivesse e que, por oca, deixa qualquer cidadã(o) à beira de condoer-se com tão triste figura.
Escrevi qualquer cidadã(o), mas não é correcto, porque o próprio não só não se lamenta como agita a fraca bandeira, com o gáudio natural em qualquer pobre de espírito.
Não é apenas triste que ele valha tão pouco.
O mais triste de tudo é que ele faça disso, alegremente, o seu cartão de visita.
Eu ainda conseguiria entender, se ele estivesse a candidatar-se a uma coisa que eu não digo, mas, numa candidatura ao cargo de 1º ministro...
É, simplesmente, vergonhoso!
Como irá acabar esta criatura?... Talvez em algo não mais do que isto!
Actualização:
Não há como calar a indignação.
(imagem: montagem sobre foto de 'outdoor' de PSL)
Há pessoas que, quando não têm nada para dizer, se calam, mas, para compensar e evitar que o silêncio nos entedie, há outras que papagueiam coisas sem nexo, tais como:
... Eu acho que o dr. Paulo Portas, pelo perfil que tem, pela sua cultura, pelo mundo que conhece, podia ser o nosso [André] Malraux. Tive sempre esse sonho. Penso que Portugal precisa de alguém que seja em Portugal o que Malraux foi em França. Creio que isso podia mudar muito o país. ... *
Bom... sem nexo, à primeira vista, porque se considerarmos que essa característica faz parte da condição humana, então, embora por caminhos ínvios, sempre se encontra alguma ligação. Forçada, mas encontra-se...
* excerto de entrevista concedida ao DN, por Luís Nobre Guedes
(imagem: A select committee - Henry Stacey Marks - www.art.com)
Se pensarmos que o homem, no que respeita a coerência, é um catavento e que já trabalhou numa empresa de sondagens, talvez percebamos a razão para tal dislate. É que pode ter sido a memória dos processos, então usados, a induzir-lhe esta reacção.
Entretanto, é bom que nos precatemos, porque, por este andar, se o homem perde as eleições, no dia seguinte o país inteiro leva com um processo em cima.
Este homem se não existisse tinha de ser inventado!!!
(imagem: foto no diáriodigital)
Não se sabe ainda como, mas um destes retratos apareceu no Jardim Zoológico.
Reunida a bicharada, o Leão resolveu indagar qual dos animais quereria afixá-lo no
seu espaço.
Disse a Hiena:
Na minha jaula não quero.
Já tenho com que me rir
e, além disso, não tolero
quem passa a vida a fugir.
Disse a Zebra:
Eu adoro um belo risco,
desde que bem calculado,
mas, pelo que tenho visto,
acho esse muito arriscado.
Disse a Preguiça:
Eu não quero ser malcriada,
nem, sequer, deselegante,
mas sinto que é uma maçada
e não é nada interessante!...
Disse a Avestruz:
Comigo?!... Tenham paciência!...
Nem vos passe pla ideia...
Não suporto a concorrência
de mais cabeças na areia.
Disse o Cágado:
Ainda vai ficar comigo,
a ver plas vossas respostas...
Lá vou eu servir de abrigo
contra facadas nas costas.
Disse o Noé, que ia a passar:
Vejam lá se se resolvem...
Mando, ou não, vir o barqueiro?...
É que, a meter água, o homem
faz do Dilúvio um ribeiro.
Diz o Sapo:
Alto lá!... Deixa eu pensar.
Se até dá pra andar de barco,
também dará, se o levar,
pra me abastecer o charco.
Diz o Leão:
Até que, enfim!... O batráquio
libertou-nos deste engulho.
Por prémio, leva um terráqueo
que é um expert em mergulho.
Retorna o Sapo:
Meu Rei, minha Majestade,
se me falais do Sarmento,
permiti-me a liberdade,
mas acho que isso é escarmento.
Insiste o Leão:
Ó batráquio, já pensaste
como os charcos estão imundos?...
E já viste que ganhaste
um excelente limpa-fundos?
Indaga o Sapo:
Desculpai-me, Majestade,
mas de que fundos falais?!...
É que há duplicidade,
em termos conceptuais.
Enfada-se o Leão:
Batráquio, pelo teu génio
atrevido e zombeteiro,
em vez de um só, como prémio,
levas o governo inteiro.
Revolta-se o Sapo:
Pois, então, sempre lhe digo,
por muito que isto me custe,
o que me dá é castigo!
Direi mais - é um embuste!
Exalta-se o Leão:
Já vi que lês os jornais
e vês muita televisão.
Bem me dizia o Morais:
- Contgola a infogmação!
Murmura o Bisonte:
Libra!...onde isto já bai!
O Reizinho, quando emvala
e a majestade lhe cai,
escoceia que nem cavala!
Pondera e decide o Leão:
Vejo que tinha razão,
tardiamente, mas vi,
e para início de acção
proíbo o retrato, aqui.
(imagem: Landscape of Paradise"-Jan Bruegel the Elder-www.artcyclopedia.com)
Não estejam a olhar, com esse ar incrédulo, para mim e o para dístico, porque, dístico, eu não sei nada! E daquílico também não!
Ficam já avisados!...
(imagem: copiada do Portugal Diário)
1º Ministro:
Espelho meu, espelho meu,
há alguém incapaz como eu?
Espelho:
Sei que vou deixá-lo triste,
mas a verdade é que existe.
1º Ministro:
Diz-me, já, espelho horroroso,
onde está esse invejoso?
Espelho:
Custa-me, até, dizer-lhe isto,
mas está em Primeiro-Ministro.
1º Ministro:
Grande coisa! Também estou,
sem saber como... Calhou!...
Espelho:
Mas, segundo toda a gente,
ele é muito incompetente.
1º Ministro:
Será que têm razão?...
Será que achas que não?...
Espelho:
Pelo que ouço dizer,
já me deixei convencer...
1º Ministro:
E o que é que ouves dizer?...
Será que posso saber?...
Espelho:
Dizem, não sei se é verdade,
que nega a realidade...
1º Ministro:
Intrigas da oposição,
que lhe inveja essa aptidão.
Espelho:
Mas se até o Presidente
o achou incompetente...
1º Ministro:
Esse é um tri-negador.
Adiante, por favor.
Espelho:
Mas ele ficou danado
e diz que foi maltratado...
1º Ministro:
Nem me custa a acreditar.
Sei plo que estou a passar.
Espelho:
Acho que, logo à nascença,
sofreu muita malquerença...
1º Ministro:
Outra alma sofredora
do mal da incubadora...
Espelho:
Mas como é que adivinhou?!...
Foi mesmo o que se passou!
1º Ministro:
Estou a ver... Não tarda nada,
vem a primeira facada.
Espelho:
E não é que veio, mesmo?
Levou facadas a esmo.
1º Ministro:
Para ter o enredo inteiro,
já só falta o embusteiro.
Espelho:
É verdade, veja bem,
sofreu um embuste, também.
1º Ministro:
Só falta dizeres-me, agora,
que não se quer ir embora...
Espelho:
Não quer, não, e já labuta
pla maioria absoluta.
1º Ministro:
Diz-me lá, achas que o povo
vai elegê-lo, de novo?
Espelho:
Eu bem desejo que não,
mas temo a reeleição.
1º Ministro:
Ah!... Acaso, já viste bem
sobre quem me falas? Heim?!...
Espelho:
Pla semelhança de génio,
será de um seu irmão gémeo?!...
1º Ministro:
E eu lá tenho alguém igual?!...
Sou único, em Portugal!
Espelho:
Então, se bem entendi,
estamos a falar de si.
1º Ministro:
Então, se bem entendeste,
por certo, te arrependeste.
Espelho:
Reflicto o que ouço dizer,
sobre o que anda a fazer.
1º Ministro:
E não podias mentir?...
Só serves para reflectir?...
Espelho:
Para, depois, me acusar
de que o estava a esfaquear?...
1º Ministro:
Bem falas, mas não me iludes.
Já te conheço as virtudes.
Espelho:
Virtudes?!... Não é comigo.
É com o outro seu amigo.
1º Ministro:
Quem?... O outro salafrário,
que se diz utilitário?...
Espelho:
Sim! O Postigos... Janelas...
Sei lá!... Portas?... Bambinelas?...
1º Ministro:
Só por isso te desculpo
- plas três sugestões de apupo...
Espelho:
Então, já não está zangado...
Posso ficar descansado?
1º Ministro:
Por dois minutos ou três,
até que eu mude, outra vez.
Espelho:
Então, fiquemos assim.
Acho que é melhor pra mim.
1º Ministro:
Também acho. Então, adeus.
Tenho reunião com os meus.
Espelho:
Estou dispensado, por agora?...
Então, adeus, vou-me embora.
1º Ministro:
Vai, sim, antes que algum venha
e frente a ti se detenha.
Espelho:
E venha determinado
a ser um seu duplicado?...
1º Ministro:
Meu duplicado?... Impossível!
Sou único! Irrepetível!
Espelho:
Que assim seja, hoje e sempre!
(baixinho)
Para bem de toda a gente!
1º Ministro (pousando o espelho):
Obrigado, espelho meu,
por veres tão bem, como eu.
Espelho (murmurando entre caixilhos):
Reflicto-o, simplesmente.
Haja, aqui, alguém coerente!
(imagem: montagem sobre Harlequin and mirror de Picasso)