. A quem me tem acompanhado...
. Cântico azul-marinho e v...
. Ainda falta muito para ac...
. Má sorte
. Vincent da Rocha Dioh - 1...
. Canção de Amigo para ami...
Há no voo das aves o encanto
de obra única que vemos evoluir,
sem esquisso que nos reduza o espanto,
sem rasto que possamos repetir.
(imagem: The flight - Bill Stephens - art.com)
É mó que não pára nem se cansa
de moer em vão e numa andança
em que apenas se corrói,
porque em si mói.
No afã de tanto remoer,
roda louca até se desfazer
em pó
de ruim mó,
com que tenta cobrir aquilo que anseia,
se, além da vileza, o mais escasseia.
(imagem: Envy wheel T. Lange art.com)
Atrás de janelas apalaçadas,
quantas vidas vivem remendadas
a estopa, sobre o que antes foi veludo?
E quando, a certa luz, ficam espelhadas,
quantas vidas nelas replicadas
não passam de figuras de um entrudo?
(imagem: Janelas - de Ricardo Monteiro, autor de Álbum da natureza)
E foi um despertar
que em tudo se inovou,
sem, antes, perguntar
se alguém autorizou.
E as ruas foram rios!
E as praças foram mares!
E os cantos mais sombrios
ganharam novos ares,
quando o sorriso entrou,
rasgando a escuridão
a quem se recusou
ao sim, quando era não.
Mas sob a alegria,
que nos banhou a todos,
escondeu-se a cobardia
nos mais profundos lodos,
qual verme que se acoita,
contorce e desespera,
enquanto não se afoita
a ser de novo fera.
Enquanto mina o fundo,
mantém à superfície
um séquito fecundo
na arte da sordície.
E já a fome grassa!
E já mingua o pão!
E já há quem nos faça
dizer sim, quando é não.
E já nos dói o riso!
E já nos cega a luz!
E já nos é preciso
levar, de novo, a cruz.
E já cansa o redil
que nos cerca de novo.
E já o mês de Abril
se abre, a custo, ao Povo.
E já vai sendo mês
de semear mais cravos,
antes que, uma outra vez,
sejamos novos escravos.
(imagem: Mão - ilustração de António Pimentel - Centro Cultural 25 de Abril)
Regressei!
Manda a gratidão e a cumplicidade que me explique. É o que vou tentar fazer.
No passado dia 8, ao publicar o post diário, decidi dar-me uma semana de férias do blog, pelo que só voltaria a trabalhar na 6ª feira seguinte, dia 15.
Não deixei qualquer informação sobre isso, pois não tinha a certeza de conseguir cumprir o que me propusera.
E não é que consegui?!...
E para além do previsto!...
Foi assim: O meu MSS (Monte de Sucata Sofisticada designação carinho-sacárstica que atribuo ao PC) andava há uns dias com um comportamento estranho, embora aleatório.
Por vezes, parecia que ganhava vontade própria e, ao desligá-lo, afirmava-se como independente, isto é, mantinha-se a pé firme, obrigando-me a desligá-lo na fonte de energia. No dia seguinte a tê-lo desligado à maluca, o MSS nem sempre acatava a minha ordem de on. Ligava-o e... moita carrasco! Era como se estivesse amuado. À ordem de off sujeitava-se, como se só então compreendesse a ordem do dia anterior. Voltava a ordenar-lhe on e, então, nesta segunda tentiva lá condescendia em trabalhar.
Andávamos nisto de on-off, até que eu lhe disse que estava a ficar muito onofre para o meu gosto e, pelos vistos, não lhe agradou o comentário. A verdade é que no calendarizado (estou a falar bem!...) dia 15 o diacho do MSS não se sujeitou a qualquer ordem. Já nem onofre estava. Apenas informava que estava stopado em erro. Então, tive de recorrer ao MSSzinho (o portátil) que, na sequência do problema existente, só podia ligar-se à internet através do cartão do telemóvel, o que, como deverão imaginar, não dá para muitos e, menos ainda, extensos procedimentos. Problema de quem é pobre.
Foi esta a razão por que, além da semana de férias que me concedera e conseguira cumprir, me vi impedida de voltar mais cedo. Só ontem o meu sobrinho, que é o meu técnico particular, conseguiu alguma disponibilidade para vir resolver a questão. E em boa hora o fez, como sempre!
A todas as pessoas amigas que, deixando comentário ou enviando e-mail, me foram acompanhando e dando ânimo, o meu agradecimento e o meu pedido de desculpa, por esta ausência.
Ontem, já tarde, fiz algumas visitas, mas sem deixar qualquer sinal. Hoje, fiz mais umas tantas e deu para ver que que estou com muita leitura acumulada e a resposta a e-mails também.
Vamos ver quando é que consigo acertar o passo com a vossa produção.
Resumindo cá estamos!
(imagem: Laptop screen Novastock AllPosters.com)
É quando a vida
nos faz navio perdido
em mar revolto
que o lastro adquirido
é tão vital
mantendo-nos a prumo
na busca de outro rumo
de onde se enxergue um porto
ou um areal.
(imagem: Stormy sea - Pieter Elder Brueghel - prints4all.com)
Vincent da Rocha Dioh, o menino pintor que referi, neste blog, em 10 de Junho e 8 de Julho do ano passado, vai realizar a sua 11.ª Exposição Individual de Pintura. CLÍNICA DE SAÚDE INTEGRAL Do convite que, gentilmente, me foi enviado, permito-me transcrever:
A localização, as datas e os horários são:
Rua da Constituição, 1959 | Sala A | PORTO
Tel 228 328 047 | Fax 228 328 049
Inauguração dia 16 de ABRIL às 16h
De 16 de ABRIL a 30 de JUNHO de 2005
De Seg a Sex das 9h às 19h | Sáb das 9h às 13h
Breve apresentação da exposição de pintura O Brinquedo Maravilhoso de Vincent da Rocha Dioh
Abril de 2004
Zélia Rocha
A décima primeira exposição individual de pintura do Vincent, intitulada O Brinquedo Maravilhoso, é dedicada à Natureza e ao planeta Terra. Este, já foi o tema da sua sétima exposição À Descoberta de um Mundo, mas surge agora mais aprofundado e com facetas inexistentes na mostra anterior.
A presente exposição reúne obras a acrílico datadas de Abril a Agosto de 2004 e é constituída, na sua quase totalidade, de trabalhos sobre telas, e não sobre cartolinas, como ocorreu em todas as exposições precedentes. Este aspecto técnico é um marco na pintura do Vincent, que a partir de Julho de 2004 se exprime essencialmente sobre tela.
Esta mostra apresenta-se dividida nas seguintes séries: Flores da Natureza, Mares, Reino Vegetal, Fúria da Natureza, Agonia da Natureza, Reconstrução do Planeta e A Nova Terra e pretende contar a história do nosso planeta e do seu mundo natural.
Começa-se por recordar o esplendor e a vivacidade da Natureza de outrora em obras plenas de cor, vida e exuberância, tão características da pintura do Vincent. Surgem assim os trabalhos: Flores, Deus Marinho, Floresta Amazónica e Fogo Purificador, entre outros. Seguidamente, retrata-se o modo como o meio ambiente se foi degradando pela acção dominadora do Homem. As cores vivas dos quadros vão-se apagando tornando-se cada vez mais ténues e escuras, criando composições como: Flor Nocturna, O Sacrifício das Árvores, Cinzas e Mar Morto.
A falta de resposta da humanidade à crise ambiental em que o planeta se encontra, nomeadamente a continua emissão para a atmosfera de gazes com efeito de estufa e o consequente aumento da temperatura global do planeta, vai provocar, cedo ao tarde, o desequilíbrio extremo da Natureza traduzido por todo o tipo de catástrofes e epidemias. Assim surgem as obras: Tornado de Sangue, Tempestade de Areia, Chuva Torrencial, Seca Extrema, Tsunami, Subida das Águas e Arca de Noé.
O Homem continua preso na inércia dos seus hábitos, querendo manter um modo de vida que conduzirá a Terra, e por consequência, a si próprio, à morte. A recusa do controle da natalidade, a concentração demográfica em grandes metrópoles, o atraso no desenvolvimento de energias renováveis e não poluentes e na reciclagem rigorosa do lixo são exemplos de atitudes que á muito deveriam ter sido alteradas. A série Agonia da Natureza retrata o que se passará quando o ponto de não retorno for atingido. Contém quadros chocantes, intitulados: O Dia Seguinte, Homem Moribundo, A Crucificação da Terra, A Crucificação do Homem e O Fim Deste Mundo.
Felizmente que a história não acaba assim, seguindo-se a Renovação do Planeta, onde as tintas negras da série anterior são progressivamente drenadas nos quadros: Reciclagem dos Escombros I e II, Reconstrução e Regeneração da Natureza.
Por último, esta exposição termina com uma nota de esperança e alegria. Depois das difíceis dores do parto, nasce A Nova Terra, na qual as cores vivas e luminosas do Vincent voltam a estar patentes em obras plenas de esplendor, como: Ressurreição e O Brinquedo Reconstruído.
Possa esta exposição contribuir para uma maior tomada de consciência da situação actual do nosso planeta e do futuro próximo que se avizinha, de modo a que sejam cada vez mais numerosos aqueles que participem da fundação do novo mundo.
Para mais informação sobre a vida e obra do Vincent, basta passear por aqui.
(imagem: reprodução parcial do convite)
Dá-se o sol em igual magnificência
à rocha que se firma, ao barro que amolece,
à nuvem que o encobre, ao rio que transparece,
e de tão longe o faz que até parece
tratar tudo com alguma displicência,
excepto o contraste, entre a sombra e a evidência,
que, à luz do meio-dia, desvanece.
(imagem: In the valley - Albert Bierstadt - prints4all.com)
Num dia de céu azul e sol brilhante,
no alto, um avião prendia o meu olhar
ao seu rasto, branco e esvoaçante,
que persegui, na tentativa de agarrar.
Contrariou-me um triciclo periclitante,
que aceitava ser ginete galopante,
mas que, à cautela, nunca aceitou voar.
(imagem: Menus plaisir - Robert Savignac - prints4all.com)
Vivem na mira de conseguir um espaço
onde se exibam e em constante busca
de holofotes com bom ângulo de incidência
e contorcem-se mais do que um palhaço
que aposta na figura mais patusca,
p'ra ganhar a aprovação da assistência.
Não são dois ou três - são muitos mais -
e vários são os artifícios que dominam
- ora cantando em grupo, como jograis,
ora a solo, porque em grupo desafinam.
Afirmam as maiores mirabolâncias,
sem que o rosto denote qualquer esgar,
deixando-nos na maior das ignorâncias,
sem sabermos se é pra rir, se é pra chorar.
Atrás deles seguem outros figurões,
- araras e papagaios palradores -
que, usando chavetas e chavões,
lhes servem de descodificadores.
É uma classe satélite, dependente,
como carraça em cão abandonado
- se este encontrar dono que o sustente,
por muito mal que ladre, é comentado.
Vivem ambos do alegre faz-de-conta
que fazem falta, sem darem pelo erro,
que é um falar, que nem barata tonta,
o outro tocar, como viola num enterro.
E assim vão de braço dado e aos baldões,
no desfile interminável dos jarrões.
E nós vamos suportando o despautério,
fingindo que os levamos muito a sério.
(imagem: Clown faces - Cynthia Hart AllPosters.com)