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(imagem: Velas Palermo Viejo)
... aqui deixo três velas e, por cada uma, um desejo:
- Saúde;
- Vida tranquila;
- Dinheiro suficiente para desfrutar ambas.
FELIZ NATAL!!!
E, aos poucos, a praça vai-se enchendo...
Chega gente de todos os quadrantes,
numa maré de vontades, em crescendo,
que envolve novos e velhos navegantes.
Pelas ruas circundantes, o rumor
vai-se espraiando por passeios e arcadas
e as casas, acordando do torpor,
abrem janelas em alegres gargalhadas.
Tomadas pla alegria que há na rua,
enfeitam-se e alinham os telhados.
Já há quem diga que, logo à noite, a lua
vai invejar-lhes os novos penteados
e, para não ficar aquém das casas,
será capaz de exceder-se em luz e brilho
sobre as fachadas, deixando-as como brasas
a indicar, a quem chega, qual o trilho.
E se, ao chegar, cada um vem de seu lado,
ao partir, já é só uma a direcção
- multiplicar a área do quadrado,
fortalecer a Praça da Canção.
(imagem: All in a crowd - Diana Ong AllPosters.com)
Cansam-me as mentes austeras
cingidas pela escassez
de interesse por várias esferas.
E espanta-me a insensatez
de quem louva a austeridade
fruto da incapacidade
para um pensamento aberto
quem, perante o que é incerto,
esconde a dúvida no erro
que é condenar-se ao desterro
de cumprir uma matriz
e com isso ser feliz.
Quero quem tenha do humano
a maior sabedoria,
para lidar, mano a mano,
com a vida do dia a dia,
que não vem num manual
- tantas são as variáveis -,
pelo que é essencial
que, de todos os notáveis,
ganhe quem saiba da alma
da gente que, de uma vez,
conseguiu levar a palma,
contra um fado português
"cantado por outro austero,
de corpo e de pensamento,
que, com pulso rude e fero,
fez do país monumento
ao silêncio, ao medo, à morte...
Não quero quem me lembre de tal sorte,
quem confine a uma baía o mar da vida,
insistindo numa rota já batida
que leva a um só cais,
num mar cinzento e frio, sem risco ou chama.
Quanto aos demais,
lá, onde mora o sonho e a alma se derrama
por horizontes há tanto desejados,
são cais esquecidos, são portos ignorados
pela barca de um só rumo, cega e surda
às vozes que, na amurada, se levantam,
quando o vento da vontade nasce e muda
o rumo e a rima dos versos que ao mar cantam.
Por isso, a esses cais não vai qualquer navio.
Só vai o que não teme o desafio
de inscrever no voo das gaivotas
a rima de outros versos, a espuma de outras rotas
que nunca o céu de chumbo encobriu.
Por que voltar à cinzenta rota antiga?...
se há tanto azul no mar e verde na cantiga
e a vontade de cantar não se extinguiu.
(imagem: Seagull - Ian Britton FreeFoto.com)