Em dia de lucidez,
não há nada que a evite.
Não cede nem dá a vez,
quer eu me cale ou lhe grite.
Ela vem para ficar!
Mal chega, logo começa
por aqui a cirandar
e, por muito que lhe peça
pra não me desarrumar,
levanta todas as pedras,
sopra-me todos os pós,
sem cuidar de ganhos, perdas,
deslaça todos os nós.
Expõe-me, inteirinha e plana,
como um mapa de viagem,
e corre, que nem insana
em completa voragem,
em busca do meu recanto,
onde escondo o melhor sonho.
Menosprezando o meu pranto
e o meu olhar mais tristonho,
teima em ver à luz do dia
o sonho ainda em desenho,
mesmo que, com bonomia,
eu lhe diga que o não tenho.
Por fim, no fim do recanto,
no canto mais afastado,
pra meu maior desencanto,
vê o meu sonho guardado.
Olha-o, ri-se e, com frieza
e uma lógica indizível,
pergunta: - Tens a certeza
de que este sonho é possível?
É o limite! É a hora
de dizer, por minha vez:
- Se eu não fosse sonhadora,
para que queria a lucidez?
Para ser cinzenta, sem graça,
padronizada - mais uma?
Lucidez - falta que faça,
sem o sonho, é nenhuma!
(imagem: Equilíbrio oculto Sara Zayat -
http://artealdia.presencia.net/)
Para Nita Ferreira - Agradeço a visita e as palavras que me deixou. Deduzo que não tem um 'blog'... ou tem?... Se tiver, numa próxima visita deixe ficar a indicação dele, porque gostaria de passar por lá, também. Um abraço da 'Despenteada Mental'.
De Nita Ferreira a 19 de Agosto de 2004 às 21:09
Escreves com alma,amigo. Também tu respiras poesia!
Parabéns ... os teus sentimentos desabrocham em salpicos de luz para quem te lê ... há muita sensibilidade dentro de ti.
Um sorriso e um obrigada pela partilha das tuas emoções
Nita Ferreira
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